Construir currículo na ultra-periferia da Europa em tempo de globalização: dois cenários alternativos (Curriculum making on the edge of Europe in the age of globalization: two alternative scenarios - Portuguese version)

Abstract

Com este artigo, pretende-se discutir – à luz dos debates sobre a globalização – algumas implicações da posição ultra-periférica dos Açores em termos de construção curricular. Considerando que a construção curricular em Portugal tem sido bastante centralizada mas o governo da Região Autónoma dos Açores tomou recentemente a iniciativa de conceber um currículo regional para o ensino básico, discutir-se-ão dois cenários alternativos para o prosseguimento da sua construção. Um dos cenários é baseado numa abordagem categorial à diferença – um tipo de abordagem que tem predominado em muitas iniciativas cujos princípios orientadores se baseiam, até certo ponto, num compromisso para com a defesa dos interesses de determinadas minorias. O outro cenário é baseado numa abordagem não categorial à diferença, inspirada na “gramática da diferença” proposta por Nicholas Burbules. Argumentar-se-á que este último tipo de abordagem é, em princípio, mais sensível a todos os tipos de diferença que se manifestam na escola e, portanto, mais susceptível de acomodar diferenças que resultam das características específicas dos Açores, sem lidar com estas últimas através de estratégias que possam isolar o currículo regional e prejudicar a sua abertura a abordagens cosmopolitas ao conhecimento.